domingo, 16 de junho de 2013

Voando como um livro

Lá porque sou um livro aberto não serão precisas muitas páginas para ler. Serão tantas, quantas aquelas que vieres comigo escrever. Mesmo no silêncio nada fica por dizer, e nem a brisa do vento tomba as folhas por bordar. Lê-me, mas devagar, e deixa ser eu a anotar, as horas e o vagar. Há páginas que ficam em branco. Não é por falta de alma apenas porque não queremos manchar a pureza desse momento. Quando o deixo aberto, na penumbra de um sentir, fico à espera que me digas o que escrever a seguir. E se nem sempre surgem letras a expressar o sentimento dá-me um retrato de ti que guarde eternamente. Quero guardar uma obra, que faça sorrir quem a ler, tudo tem um começar tudo tem entardecer. Diz-me agora tu, do teu jeito, qual a página que guardamos, para daqui a muitos anos. Quero ler-te com os olhos macios como veludo e fechar-te no coração, com uma janela aberta de par em par, não quero perder-te ainda como vaga recordação. As folhas não as colorimos, nem a tua boca fresca e macia se abeirou para as pintar. Não quero deixá-las manchadas quando uma lágrima tombar. Podes chegar devagar e deixar-te amar, como um livro inteiro, posso sempre tomá-lo como um refugio e ao prazer mantê-lo em segredo. Jogando o jogo da liberdade e descansando depois como se descansa quando o livro é bom, voando sobre o infinito de ti.

Foto:internet

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