domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa dos simples

Tudo ao som deste "Nabucco" lindissimo

Teria os meus 17 anos quando escrevi o seguinte sobre a Páscoa: "Procuremos ser dignos do perdão do Senhor e viver em verdade". Não sei o que pensava então sobre a Fé, mas sei que sempre questionei muito os dogmas e os retrocessos da Igreja no acompanhamento da evolução do tempo, da falta de simplicidade e da pouca misericórdia para com os necessitados. Hoje a Igreja vive mais da interiorização, e da ajuda ao próximo. Faz menos juízos e é mais franca e aberta. Que este dia de Páscoa seja de Paz e de solidariedade, que seja um Santa Pascoa vivida na alegria de Jesus Ressuscitado.

E nesta quadra regresso sempre às tradições mais simples da minha infância: folar de carne, ou bola de carnes, pão de ló e pudim de gemas (tradicional abade de priscos). Tudo regado a vinho fino como dizia a minha avó/madrinha e a sua amiga Maria de Barros, quando a este tema se dedicavam.
Partilho as receitas, pois são fáceis e ficam bem numa mesa todo o ano e não apenas hoje dia especial de renovação e reconciliação.

Folar
Ingredientes (amassei na Máquina do pão por ser mais fácil e poupar tempo para outras tarefas):
100 gr margarina
3 colheres sopa azeite
1 colher café sal
200 ml água
5 ovos
1kg farinha sem fermento - tipo 55
um cubo de fermento de padeiro, se utilizarem do fermento de pastelaria (fermipan) um pacote

Recheio:
Carne entremeada salgada aos cubinhos salpicão/presunto/linguiça em fatias finas e cortado aos quartos, qb

Colocam-se os ingredientes pela ordem indicada na cuba da máquina e liga-se no programa de amassar farinha.
Quando terminar o programa, deixa-se levedar mais cerca de meia hora.
Numa forma redonda untada de manteiga vai-se colocando por camadas. Um pedaço de massa esticado com as mãos e em cima colocam-se pedaços do recheio, alternando até terminar com uma camada de massa, com que se vai fechar o pão. 
Depois de tendida a massa deixa-se levedar mais meia hora, enquanto o forno aquece. 
Leva-se ao forno a cerca de 170º cerca de 45 minutos. Retira-se e deixa-se a arrefecer em cima de uma tábua do pão para não humedecer.
E eis o apetitoso folar que anda aqui por casa...




Pão de ló
A receita é de uma amiga muito querida. Se utilizarmos uma forma baixa, o pão de ló fica humido, tipo pão-de-ló de Ovar. Mas eu gosto muito do tradicional, até porque dura mais tempo. Então cozi-o numa forma redonda de buraco e ficou assim:

10 ovos
10 colheres sopa de açúcar
5 colheres sopa de fécula de batata
1/2 colher chá de fermento em pó

Bater as gemas com o açúcar até ficar bem cremoso (cerca de 20 minutos com a batedeira de arames)
Batem-se as claras em castelo (c/uma pitada de sal) e mistura-se ao preparado das gemas, envolvendo com a colher de pau. Por fim juntar a fécula e o fermento peneirados
O forno deve estar pré aquecido e deve cozer com a resistência de baixo ligada.
Untei uma forma de buraco com margarina e forrei-a com papel almaço. 

Ficou assim e está divinal




Depois chegou a vez do pudim, calórico, suave, cremoso, não sei como adjectivá-lo:

Pudim de gemas

meio litro de água
350 gr de açúcar
1 pau de canela
casca de limão
100 gr de toucinho do céu, (pode optar por colocar uma colher de sopa de banha- não serve manteiga, pois não fica a mesma coisa)
10 gemas e dois ovos inteiros


Leva a água ao lime com a canela e a casca de limão. quando ferver junte o açúcar e deixe tomar ponto. Se optar pelo toucinho deve-o colocar a cozer na água fervente aquando do açúcar. Se colocar banha deixa apenas para quando o ponto já estiver tomado. Retire do lume e deixe arrefecer. 

Entretanto bata bem as gemas e os dois ovos, até ficarem bem incorporadas, e deite no ponto de fio se já estiver morno.



Vai a cozer em forma untada com caramelo (deixo a receita a seguir), em banho maria durante cerca de 45 minutos. Deixar arrefecer e colocar no frigorifico até servir. Apenas na altura de servir se deve desenformar.



Faz-se caramelo para barrar uma forma de pudim ( uma chávena de açúcar para meia chávena de água. Coloque o açucar seco num tachinho e leve ao lume até queimar. Vá mexendo e não deixe queimar demais, até ficar dourado escurecido. deite a água e mexa bem deixando ferver um pouco para ganhar ponto. Depois de arrefecer pode usar-se na cobertura de bolos, pudins, etc)


Continuação de bom tempo Pascal, de convivio fraterno e de corações repletos de carinho e coisas boas! Porque viver é dar sentido à vida, com coragem, pensando o futuro e procurando dar futuro a quem nos rodeia.



Bonne Apetit!

E o vinho fino...
Vinho do Porto produzido pelo meu pai em 1991.
Era tinto, mas dado o tempo decorrido está a tornar-se dourado






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