quinta-feira, 10 de julho de 2014

As marcas são as tuas

Anoiteceu aqui, mas lá fora a brisa da noite é quente. O primeiro dia de verão, talvez. Mais dias de verão, e ainda mais estações do verão, virão, meu amor. Aguardo por ti. E tu virás eu sei. Mesmo quando tardas em chegar eu sei que vens. Trarás no rosto um sorriso travesso e no olhar a esperança de todos os dias. Vais contar tanta coisa das tuas aventuras, como se tivesses descoberto as ilhas encantadas, e me quisesses levar para elas e tantas aventuras vais deixar debaixo do lençol onde guardas os segredos, os segredos que só eu sei, e os que ninguém sabe, talvez nem tu. Vais segurar a minha mão e tentar ler nela os segredos que pensas que eu guardo. És tu o meu segredo. Vais olhar para o meu corpo e tentar ler nele as marcas dos traços que outros deixaram. Como te enganas, agora. Outros não deixam marcas. Passam apenas, com pressa, ou nem tanta, e eu continuo distraída de olhos no caminho por onde tu chegas. E o meu corpo quente, não do verão, mas de ti e por ti, guarda todos os traços que tu delineaste nele durante este tempo. São as marcas do teu e do tempo e nada mais. Vais esgotar os meus beijos e sufocar de amor. Num excesso que é pouco para os excessos que somos um do outro. E amanhã, amanhã quando não estiveres aqui, vou saber que não foi um sonho, vou sentir o perfume que deixaste nos lençóis e no amanhecer quando as gardénias abrirem as corolas para beijar o sol, levarás ainda na boca o sabor dos meus beijos, que calaram o adormecer dos nossos nomes na boca do outro. O teu nome vai no meu suspiro, o meu leio nos teus lábios quando te afastas em direcção ao caminho.  caminho que te há-de trazer, será também o caminho por onde seguirás de novo. Será o caminho que ambos percorremos de encontro ao outro, até quando o infinito se juntar a nós, meu amor.
@Maçã de junho

Acácio Lino Pintura em tela


Sem comentários:

Enviar um comentário