quinta-feira, 7 de maio de 2015

Por vezes apenas ficam as palavras. Pela rua ficam as pedras na calçada
e as árvores no jardim. Não sinto a tua mão no meu cabelo, nem adormeço
com a tua voz no meu ouvido. Quando vais ao jardim, não sou eu quem levas contigo,
nem sinto os teus beijos ao entardecer. Demoras-me todos os dias no esquecimento
da distância e no silêncio da partida. Não gastes as palavras que não são minhas,
nem mostres as conquistas que trazes ao peito. Não sabes ainda o quanto dói saber-te por aí, esquecido do calor que ficou a arrefecer. Espero, enquanto remendo as palavras
que se soltam entre as lágrimas salgadas e caem na folha de papel,
refrescando o poema. Não é para ti que escrevo é para mim. Não é para recordar,
mas para não esquecer que dói. Muito. Agora enquanto o pranto não passa,
encontro as palavras certas ou não. São raiva e dor, saudade e loucura.
Tu dormes. Adormeceste feliz, como as crianças que adormecem
no regaço da vida e eu velo. Sempre com o mesmo desvelo de quem ama e aguarda
o regresso, que não vem, do escuro da noite. Ah! A noite, como é longa e triste.
@Maça de junho

Honeyroot - Love Will Tear Us Apart, a Joy Division cover




 

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