sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Era uma vez...


Era uma vez há muito, muito tempo uma mãe cheia de medos e de angústias perante a educação a dar ao seu filhinho muito pequenino. Como fonte de inspiração e de preparação lia avidamente todas as publicações sobre a infância, a educação e o ser mãe. Um dia encontrou um desafio publicado na Pais e Filhos e a partir desse dia novos desafios se foram abrindo. Primeiro, muito timidamente, depois cheia de coragem em todos se escreveu…
 
é o desafio nº100 publicado em
historiasem77palavras.blogspot.com
 
 
 Porque ser mãe é não ter estação e viver num apeadeiro, é ser sublime sem mostrar o jeito.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Hay gobierno soy contra! Si no hay también soy

Esta coisa de democracia, por vezes não tem mesmo piada nenhuma. Também tudo seria bem mais fácil se não houvesse Constituição. O próximo governo poderia estender esta coisa do "simplex"  (não sei quem o inventou, mas dois dos seus maiores seguidores  aos nossos tristes dias terão sido Sócrates e Núncio - atentem na nobreza dos nomes), até à Constituição da República Portuguesa. A quantidade de acórdãos que se poupavam à Villa Ratton e as chatices de escrever discursos após discursos para convencer o povo das virtudes das leis, seria um grande passo para a humanidade, já nem digo, mas para o Portugal dos pequenitos, sem dúvida!
 
Uma coisa me intriga e parece ser apenas a mim, pois não vi/ouvi nenhuma celebridade política, nem nenhum jornalista altamente influente e influenciado dizê-lo:
 
Porque terá sido que uma coligação que durante quatro anos, implementou um programa duro, rigoroso (para pensionistas e funcionários públicos), aumentou impostos, sem olhar a conceitos de redistribuição e/ou equidade, destruiu tecido empresarial  (fechou portas de unidades menos preparadas e atirou para o desemprego milhares, criando um fluxo não imaginado, de emigrantes dentro das classes mais jovens e com maiores habilitações académicas), e vai a votos e ganha as eleições? 
 
Dentro do partido socialista já alguém terá refletido nisto?
Talvez não, porque isto é assunto que não interessa ao Jerónimo nem à Catarina. e o importante agora é ver como sentar tudo à mesa. Pensando bem é quase como juntar num casamento os ex-concorrentes do big brother.
 
Aquilo que se pretende do novo governo é fazer melhor (mais PIB, mais exportações, mais emprego, mais crescimento sustentável, maiores fluxos financeiros que garantam as responsabilidades sem agravamento da carga fiscal, melhor reenquadramento macroeconómico e das finanças públicas) que o anterior, sem o agravamento nas condições de trabalho e do tecido empresarial, sem extorsão de reformas, nem esquecimento do apoio social. Ora bem, e a coligação das Esquerdas Unidas têm capacidade para tal?
 
Que realidade têm para nos mostrar um partido que já é também ele uma coligação e que em quarenta anos de democracia nunca se aproximou um milímetro que seja das posições assumidas por uma economia de mercado, pela integração de projetos competitivos e autónomos de iniciativa privada, de aceitação dos projetos europeus e mundiais de tratados de paz e de união; será agora o momento da sua viragem "radical"?!
 
Os filósofos criam teorias políticas cujos objectivos se materializam através da ação política, na construção de programas políticos de criação de riqueza e da sua redistribuição e do bem estar social.
 
Esta premissa cabe apenas aos políticos e não me parece que neste momento algum político em Portugal esteja a pensar nela, mas apenas na sua tática de jogo. Além de que estão todos a utilizar a célebre condição da economia "ceteris paribus". E todos nós sabemos que esta condição é falsa: os mercados ainda não nos largaram, o efeito arrastamento das condições externas, é real, o risco sistémico financeiro ainda nºao terminou, pelo que o trabalho deveria ser consequente e consolidado.
 
A única forma de se sair desta parafernália litigante/militante seria o bom senso entre os dois blocos centrais. Mas um bom líder é aquele que tem visão para o futuro e não para o seu umbigo.
 
 
 @maçadejunho
 

 
 

 
 
 

 

 

domingo, 25 de outubro de 2015

No barco Rabelo

Rir a bandeiras despregadas, parecia uma metáfora, não fora toda a história se ter passado num barco. Dentro de um rabelo no rio Douro, com as bandeiras ao vento e muita animação a bordo. Depois de um passeio pelo centro histórico, o grupo entrou no barco para o passeio tradicional e um lanche ligeiro. Da comitiva fazia parte uma criança. Quando pretendem servir a criança, esta responde: -Já lanchei. Vim comer quando cheguei, não estava ninguém. Gargalhada geral!
 
ESCRTV nº1 - Descrever um momento de riso
 
Desafio publicado no blogue historiasem77palavras.blogspot.PT
 
@maçadejunho
 




 
 


 

domingo, 18 de outubro de 2015

Tradições

Em Sotal do Mar, as tradições ainda se vão mantendo de rédea solta. Nas lotas as petingas despejadas das redes onde saltam descuidadas e adormecem, são o acompanhamento do arroz malandrinho enriquecido pelos talos de couve tronchuda. Ao pôr-do-sol as varinas percorrem as ruas empedradas, onde o salto das socas tropeça, parecendo andorinhas tolas a esvoaçar. Tudo isto enquanto o galeão continua na amplitude do mar a percorrer os latos mares da faina. Altos vão os sonhos.

1- descobrir o máximo de anagramas com as letras  ALSTO;
2- escrever um texto em 77 palavras utilizando as palavras obtidas
publicado em historiasem77palavras.blogspot.pt
@Maçadejunho






Outono melancólico

Gosto dos dias de outono. Gosto da serenidade dos dias em que amanhece timidamente o sol num jogo de escondidas com as nuvens que são empurradas pelo vento, num vaguear desconcertante e desajeitado. Gosto das cores e dos odores. Da doçura dos frutos maduros em compotas, em frascos de vidro e taças coloridas. Dos jardins atapetados pela maciez das folhas que vão caindo e rodopiando numa despedida de encanto. Do colorido que dão aos jardins, substituindo o cor de rosa e branco e lilás ou amarelo das flores, pelo vermelho, castanho, ocre ou grená das folhas. Gosto de ver os plátanos multicoloridos, as amareladas tílias, ou o mundo castanho e ocre do castanheiro. Da chuva precoce que assoma à janela e deixa um torpor lânguido em que apetece o chá fumegante e as bolachas de gengibre.  
 
Agora, neste momento em que escrevo, apetecia-me encontrar-te de novo, e de renovados sentimentos, porque postos à prova teimam em permanecer, deixar-me envolver nesse abraço junto à fonte dos encontros, debaixo da figueira da Austrália, equilibrados na extensão das suas raízes, entrelaçadas,  tal amor de Pedro e Inês, que no misticismo perdura.
 
Bem sei que é sonho e quando acordar, o dia estará triste e sombrio. Como os sonhos que muitas vezes se repetem ou da vivência de amigos no calor de um abraço ora tímido ora expansivo.
E o outono continuará a percorrer os jardins, e o tempo.
 
@Maçadejunho




 
 





 


 

sábado, 17 de outubro de 2015

Destino

à ternura pouca
me vou acostumando
enquanto me adio...
servente de danos e enganos

vou perdendo morada
na súbita lentidão
de um destino
que me vai sendo escasso
conheço a minha morte
seu lugar esquivo
seu acontecer disperso
agora
que mais
me poderei vencer?
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Amar sem motivos

Se nunca te tivesse conhecido, gostaria de te conhecer, nem que fosse apenas amanhã, ou depois, ou num dia futuro que ainda estivesse para vir. E seu eu pudesse antecipar esse dia, também o faria acontecer mais depressa. Há pessoas que em nada acrescentam a nossa vida e outras, mesmo do nada dão-nos algo que é imenso, nos dias mornos que percorremos. E tu desde esse primeiro dia, que muito provavelmente não recordas, esse primeiro dia que na tua memória foi apagado por outros primeiros dias de outras que se tornam especiais na exata medida do esquecimento, tu que dás uma dimensão aos meus dias, mesmo nos dias em que te ausentas. Nos dias em que transformas o meu cansaço em vibrante discussão, ou nos dias em que o adormecer tem um sentido de sonho e de esperança numa manhã renovada. E esse sentido especial faz com que me transforme em alguém capaz de ver o belo além da bruma e esperar que seja uma nota de violino, ou um sopro de vento, ou uma brisa primaveril a trazer-te de regresso a casa. A casa é o lugar onde o coração parou.

@Maça de junho



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Recomeço

Já falhaste alguma vez?
Eu já. Tantas. E vou falhar mais vezes ainda.
 
Já tentaste alguma vez?
Eu já. Muitas. E continuarei a tentar.
 
Não sou perfeita. Sou humana. E falho.
E tenho defeitos. Muitos. Alguns que tento corrigir.
Outros nem tento, pois não sei como.
 
E tu, não és perfeito, sabias?
Tens imperfeições e defeitos, que eu conheço e aceito.
Se gosto deles? De alguns não. De outros gosto, porque os compreendo e até lhes acho piada.
Ou até te dão charme.
 
Charme, dirias tu...
Sim, muito.
Foram os teus defeitos que me cativaram, mais que as tuas virtudes.
 
Essas quase todos conhecem, os outros não.
A tua superior inteligência e capacidade de trabalho
são garante de tudo o resto.
O ser especial onde a humanidade e o narcisismo por vezes se cruzam
 
E eu, eu amo ambos.
 
Podes falhar, errar, e tentar uma e outra vez
Recomeça
Eu estarei sempre ao teu lado
Até nos dias em que navegas nas margens do rio.
 
@Maçadejunho
 
 
 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Sentimento

Não calas o meu pensamento
Nem fechas o meu coração
Não há vendaval que tragas
Que me deixe desilusão

Permite que eu me aninhe
Debaixo da tua asa
Que guarde de ti o homem
Que me abordou num acaso

Serei tua para sempre
Enquanto viver e sentir
Este sopro de aconchego
Em cada manhã que sorrir.

@Maçadejunho






segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Notícia política

Mais um dia para atrofiar. Há catastrofismos naturais e há os políticos. Em Portugal vive-se uma espécie de atropelo à dignidade humana e aos direitos estabelecidos. Com o alto patrocínio do chefe de Estado assiste-se à encenação de uma peça de teatro de má qualidade. É como a libertação de atropina pela beladona que intoxica os insetos numa violência atroz. Agora restam mais quatro anos de demagogia.

Desafio nº 99 – 8 a 10 palavras com ATRO
 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Fado

Chama-me atenção daquilo que tenhas razão
Mas não me critiques daquilo que desconheces
Sabes lá onde plano e em que plano te tenho.
A mágoa que me ficou fará de mim outra sorte
Aquela que me couber entre ervas daninhas tristonhas.

Meu fado é triste e perdido entre lágrimas de sal
Maior que o sentimento que no teu corpo apagas
Talvez um dia reconheças a injustiça que cometes
Cada vez que te arremetes contra o meu coração ferido
Chorando de solidão a vida inteira

@Maça de junho